quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

• Pergunta Pertinente da Semana:

"Você prefere ser titular
em time da segunda divisão
ou ficar no banco da Seleção?"


Amiguinhos, eu não faço a mínima ideia do que é melhor aí (confesso que olho para ambas e só sinto mediocridade, mas isso é culpa da minha visão medíocre que não vê beleza nos meios-termos).
Considerando que o ideal de ser titular na Seleção nem sempre se apresenta como opção, consideremos as demais. Ambas sugerem um preço e um prêmio ambíguos:
Brilhar entre os pequenos? Parece aquela coisa de "terra de cego, caolho é rei", ou "o gigante de Itabaianinha".
Estar entre os grandes, mas sem aparecer na foto do pôster? Então está mas não está, né. Você é o famoso Quem, aquele anônimo com síndrome de testículo (não participou da f* mas esteve perto).

O que você acha?

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

• Um prazer. Uma honra

Nessa semana começa uma nova empreitada. Daquelas boas, que guardam em si uma promessa (e promessas bastam, no momento). Começamos o Blog do Diarinho, uma possibilidade de aumentar o contato com os nossos leitores mirins. Inicia tímido, 'pobrinho' e com o desafio de agradar o olhar de adultos antes mesmo do seu próprio público. Editores e diretores observam seus pequenos passos hesitantes. Mas vale a pena.
O Diarinho é um suplemento infantil do Jornal onde trabalho. Não tem anúncios (por enquanto). Não por falta de procura, tem sido assim durante as décadas em que existe. É usado, para nosso orgulho, até mesmo como cartilha em salas de aula, suprindo algumas carências que o material didático disponível no mercado ignora. Por isso o suplemento Diarinho, apesar das dificuldades estruturais enfrentadas, é considerado no meio como o melhor suplemento infantil da imprensa paulista. Crianças, pais e professores gostam desse trabalho (e que trabalheira!).

Escrever e ilustrar pra criança é um baita desafio. É o público mais honesto, crítico e desafiador de todos. Alheios aos interesses que movem as engrenagens, são taxativos: se gostam, gostam mesmo; se não gostam, é um lixo. Também separam as qualidades do todo (a maioria dos adultos não é capaz disso); se um desenho, um texto, uma diagramação de uma página não for do seu agrado, bau-bau, mas não é por isso que vai achar que o resto está ruim. Essa capacidade de enxergar o todo e as partes ao mesmo tempo talvez percamos ao longo da vida, não sei. Só sei que, pelo ofício, somos forçados a lembrar dessas sutilezas da infância. Ainda bem!
O que compensa, e muito, é que a criança cria pontes imediatas com você. Receber um e-mail, uma cartinha ou mesmo um comentariozinho de nada, vindo deles, é sempre bom. "Aquele desenho ficou engraçado, tio!" ou "tá feião demais!" sempre caem nos ouvidos com o peso e o sabor da verdade pura.
Sem idealizar, mas é justamente essa pureza que buscamos durante a produção. Algo que possa acrescentar e preencher os momentos desses humanos em miniatura, já tão sufocados por um mundo que nem aos adultos faz bem. A escola, o Inglês, o Kumon, a natação, o piano, a hora marcada pra brincar, a pressão por adolescer antes do tempo, o desrespeito e a sensação de desvalor por não ser grande, forte, ter dinheiro ou qualquer um dos elementos sem os quais um adulto sequer repara noutro. As crianças vivem nesse lodo que nós acumulamos na banheira da vida e mesmo assim sorriem, prontas a viver nesse exato segundo, sem planejamento ou logística. E para honrá-los, esse post não é pra falar de dores e sim do seu contraponto.

Se nós pudermos, nesse nosso trabalho cheio de desafios concretos e subjetivos, permitir que sonhem e se distraiam por alguns instantes, então estamos no caminho certo. Se nosso traço, nossas cores e palavras dão margem ao jogo, à brincadeira e a um aprendizado que rompa a entediante redoma do politicamente correto, para além do didático, então superamos nossas expectativas.
Ei lia este tablóide quando era criança. Pintava, desenhava, lia e fazia os divertimentos (os 7-erros, labirintos etc). Um dos meus sonhos era desenhar para o Diarinho.
Quem disse que sonhos não se realizam?
Que eu possa viver isso por mais algum tempo. E que em cada "adorei, tio!" ou "tá feião" que eu receba, tenha essa doce e crua verdade em doses cavalares.



Quem quiser conferir, basta clicar na imagem abaixo:



A equipe fixa do Diarinho - uma honra
Da esquerda para a direita: Teresa Monteiro (Editora), Eu, os grandes Gilmar e Fernandes (ilustradores) e Marcela Munhoz (repórter).

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

• Serviço de Utilidade Púbica

Feliz 2009, amiguinhos!
Eis-me aqui atendendo vossos apelos por mudança neste novo ano.
E, para começar, vamos de mudança ortográfica.


Sim! Vai ficar fácil ler Camões, quase tanto quanto ler Copés! Entraram em vigor as mudanças gramaticais do nosso idioma (que, caso não saibam, é o mesmo dos portugueses e de uma pá de africanos, entre outros países que não fedem e nem cheiram, que vivem na merda financeira ou em guerra ou em ambas). Orgulhe-se: muitos pretos, alguns brancos e um punhado de asiáticos fala a nossa língua, embora você precise de tradutor-intérprete em suas terras.
Não mais. Agora, potências relevantes como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau , São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste presenciarão conosco o espetáculo do crescimento comunicativo. Na prática, você que há 30 anos ou mais escreve praticamente do mesmo jeito terá de ler ideia sem acento e achar normal, o que imediatamente universalizará nossa compreensão de que telemóvel é o mesmo que celular. Diga adeus àquela dificuldade tremenda de entender que anónino é anônimo em Portugal!
Seus problemas acabaram!

O povo, é público e notório, rejeita mudanças. Coisa de reacionário. Não entende que precisa da intervenção dos intelectualóides para que faça seu papel de reinventar a língua. Ignoram a necessidade premente de criar uma regra definitiva e duradoura como essa, que talvez dure uns 5 ou 10 anos. Não percebe que tal acordo visa principalmente fortalecer o idióma e reposicioná-lo no mundo através da unificação e padronização, que não transformará écran em tela, mas será o mesmíssimo, o que obviamente vai facilitar a produção de livros e de manuais de produtos (sem o gigantesco inconveniente de termos de optar entre português BR ou PT, que tanto incomoda quem tem de instalar um programa, por exemplo).
Visa também, não bastasse, promover a comunicação ao facilitar as vidas dos lusófonos, brasilinófonos, baianófonos e demais dialetistas globais a falar uma mesma e única língua, tão viva e dinâmica quanto os jovens senhores da Academia de Letras que participaram da escolha de tão inteligentes mudanças. Facilidade, sim! Quem tinha preguiça de digitar acento ("ah, tem de apertar o shift, coisa e tal"), agora terá menos palavras para esforçar-se. Os Emos, miguxas e afins finalmente poderão usar oficialmente o K, o W e o Y nas suas balbuciadas, o que pode ser mais um passo na direção da promoção dos direitos dessas minorias du corassaum. E por falar em inclusão, os analfabetos funcionais, tristes com essa indefinição toda, agora poderão se considerar analfabetos reais, pois não saberão mais o que é certo e errado mesmo.
Sancionada neste mês, o acordo gramatical já começa a mostrar toda a sua força: o MEC, por exemplo, vai gastar 70 milhões de Reais, bem aplicados nessa prioridade da Educação nacional, com novos dicionários para atender a 1/5 da população, estimulando até mesmo aquele gráfico cunhado do ministro que ganhou a licitação a decorar as regras.

Pronto. Agora só faltam as dicas, comentadas como cortesia da Redação de UADERREL, para nós, brasileiros (fiquem felizes: os portugas, que escreviam húmido, acção e baptismo, se danaram mais que nós).
Vamos lá! Ignorem comigo as novas regras velhas da língua portuguesa, amiguinhos:

K, W e Y:
Retornam ao alfabeto, mas devem ser usadas inicialmente apenas em nomes estrangeiros.
Parabéns ao Máicon, à Quêitilin e ao Uóshito, vanguarda do movimento.

Trema:
Está extinto, mas fica para nomes estrangeiros como Müeller e Hübner (que, por sinal, são alemães e não fazem parte do acordo da língua portuguesa).
Exemplos: Tranquilo, aquífero, bilingue.
Calma, Parkinsonianos! Trema o quanto (não) quiserem, a mudança significa apenas que aquele sinalzinho (¨) já era e que linguiça agora é escrita assim como enguiça, mas continua com som de uíça mesmo. É pra ler de um jeito e falar de outro. Fácil, né?

Acento agudo (´):
Desaparece em ditongos (do latin sumeriano arcáico "duas vogais") abertos como "oi" e "ei" .
Exemplos: heroico, ideia.
Desaparece também a acentuação diferencial, onde pára (de parar) era diferente da preposição para, pêlo (o inimigo número 1 da felação) era diferente de pelo (preposição - 'pelo jeito') ou pela (preposição - 'pelas barbas do profeta') e péla (do verbo pelar - depilação, comumente aplicada em suínos).
Como saber qual é qual? Te vira, analfabeto funcional. Interpetação de texto.

Acento circunflexo (^):
O chapeuzinho foi pro beleléu (ou beleleu?) em palavras com duplo O ou duplo E.
Exemplo: Enjoo, voo, creem, veem.
Veja o lado bom: você vai precisar procurar menos vezes se essa porra de acento tá em cima da tecla do 6 ou do ~ no teclado do seu laptop (que provavelmente não o tem em nenhum das duas).

Hífen:
O tracinho (cujo nome termina em N, embora as regras da língua exijam m no final da palavra) recebeu um novo conjunto de facilidades muito fáceis. Quando a segunda palavra começar com S ou com R, você deve dobrá-las ao invés de separar com um traço.
Exemplo: anti-semita vira antissemita, anti-religioso vira antirreligioso, contra-regra vira contrarregra. Exceção: hiper-resistente. Hiper-requintado continua com hífen também, pra não soar como "hiperre..." e o r do hiper se perder.
Eu gosto assim, de regra com exceção (só não gosto mesmo é de escrever exceção). "E palavras como pé-de-cabra?" Ora, não me venha com amiúdes. A regra definitiva que entrou em vigor não rege nada sobre isso e ainda não tem nada formulado. Mas vai ter (e aí tu compra outro dicionário).


Voilá, amiguinhos. Eis aí as novas regras definitivas, em vigor em caráter provisório, que já entraram em vigor no Brasil, entrarão em 2010 em Portugal e na minha vida só em 2080.

***

OBS.: Que nenhum representante do populacho ignóbil ouse a perguntar porque o X continua com som de CH, Z ou S (que também tem som de Z), hein.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

• Climão, né?

edit: (atualizado 10/12/08)

Eu imagino que você não está atrás de histórias doloridas quando vai num blog. Eu sou a mesma coisa - afinal a vida já tem tanto por si que, após o vômito diário da TV, da Rádio Peão, da fofoca da vizinha... pra quê mais?
Mesmo assim há coisas que eu não posso furtar-me a dizer. Não que faça diferença no contexto do mundo - não faz - mas talvez o desabafo de uns ajude a organizar os pensamentos de outros). De qualquer modo, é inegável que os posts andavam baixo-astral.
Este blog tinha alguma pretensão tácita de ser cômico e, por mais que eu evitasse, a ironia anda de mãos dadas com o romantismo desiludido, logo chegamos a este ponto. Não creio que esta seja a 'nova cara' da página - apenas uma reação ao momento que não poderia ser ocultada sem resultar em desonestidade.

Mas... ei! Ainda há algo de fiel à proposta! Mantenho o foco no Frango com Polêmica - sem môio, que é pra não emplastrar. Tentarei focar alguns temas que têm batido na minha porta nos últimos tempos sem pesar no clima. Bom humor, afinal, a gente só descobre se tem mesmo nesses momentos.

Me acompanha?